Até agorinha mesmo, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) era um bolsonarista à toda prova. Em sua conta no Twitter, em que estranhamente se identifica como Luis Miranda USA, apesar de ser deputado eleito por Brasília, ele compartilha momentos de proximidade não só com as pautas bolsonaristas como com o próprio “PR” em pessoa, no Planalto ou no Alvorada.
Em março, os dois parecem algo rijos numa imagem que o deputado assim legendou: “Sábado com o PR @jairbolsonaro tratando dos assuntos que são importantes para o Brasil… Governadores que estão abusando do ICMS, principalmente nos combustíveis, aguardem!”
Bem, esse tal sábado, segundo se deu a conhecer esta semana, foi o dia em que Miranda mostrou a Bolsonaro os problemas do contrato superfaturado da vacina Covaxin, que se tornou no maior escândalo do governo, caso sejam excluídos eventos pregressos como as rachadinhas, o aparalhamento das instituições de controle etc.
Miranda teve acesso à informação, pois seu irmão trabalha no ministério da Saúde e vinha, segundo depoimento já dado ao Ministério Público, sendo pressionado para acelerar a negociação com os indianos da Covaxin, apesar do péssimo negócio para o país.
Na madrugada desta quinta (24), antes das 4 da manhã, Miranda desabafou:
“PR @jairbolsonaro você fala tanto em Deus e permite que eu e meu irmão, sejamos atacados por tentarmos ajudar o seu governo, denunciando para o Senhor indícios de corrupção em um contrato do @minsaude! Sempre te defendi e essa é a recompensa.”
O tuíte veio algumas horas depois da entrevista coletiva em que o ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, disse: “Deputado Luís Miranda, Deus está vendo. Mas o senhor não vai se entender só com Deus, vai se entender com a gente também.”
O deputado e seu irmão serão ouvidos pelos senadores da CPI da Covid-19 nesta sexta (25). Sai de baixo.