Por razões óbvias, a sexta-feira costuma ser o dia mais aguardado da semana. Mas não para uma nova categoria de adictos, cujo vício ainda está para ser tipificado pela medicina.
Trata-se da categoria dos viciados de CPI, para quem a sexta é apenas o dia mais distante da semana da terça, quando as comissões retomam os trabalhos.
A CPI do momento, claro, é a da Covid, e esta semana é bafo, com as oitivas dos ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello.
O polêmico Araújo, cultor maior do antiglobalismo e fã declarado do ex-presidente Donald Trump, a quem tem como objeto de culto de matriz sebastianista, sozinho já seria bom o bastante, mas do lado dos senadores há, digamos, reforços.
É a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que irá representar a bancada feminina na sessão desta terça (18).
Kátia escolheu a dedo a ocasião. Como se sabe, quando estava para ser demitido, Araújo tentou comprometer a senadora, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, fazendo crer que ela defendeu interesses impertinentes da China num almoço de trabalho entre os dois.
5G era o foco.
A senadora chamou o então ministro de “moleque” e exigiu sua demissão.
“O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal”, escreveu Kátia, na ocasião.
Araújo é citado como alguém que fez pouco, ou nada, para ajudar o Brasil a consolidar relação de bom nível com a China, país que é o principal produtor de insumos para as vacinas contra a Covid-19.