Revista Poder

Fábio Wajngarten

Em dia quentíssimo na CPI da Covid, ex-chefe da Secom confessa atuação voluntarista, nega declarações dadas à revista Veja, é desmentido e tem prisão pedida por Renan Calheiros

Fabio Wajngarten || Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Talvez os senadores da CPI da Covid-19 tenham se acostumado mal com a cordialidade e a colaboração (colaboracionismo, talvez) do presidente da Anvisa, almirante Barra Torres, que falou à comissão nesta terça (11). Barra Torres alinhou-se incondicionalmente à ciência, defendeu máscaras, vacinas e isolamento social e chegou a se arrepender de participar de uma aglomeração presidencial no começo da pandemia, em 2020.

Nesta quarta (12), foi a vez de Fábio Wajngarten, que até março presidiu a secretária de Comunicação do Governo, responder aos senadores na condição de testemunha. Confrontado com uma muito recente reportagem da revista Veja – razão pela qual, aliás, foi convocado à CPI – refutou diversos pontos da entrevista, como ter atribuído “incompetência” ao ministério da Saúde, gestão general Pazuello, na aquisição de vacinas da Pfizer.

A revista Veja disponibilizou publicamente o áudio da entrevista, para confrontar Wajngarten.

Por essa e outras razões, senadores o acusaram de mentir à comissão, e o relator Renan Calheiros chegou a pedir a prisão da testemunha, já que há juramento de verdade nesses eventos. O presidente Omar Aziz disse que “não era carcereiro” e que não iria fazê-lo.

“Vossa excelência mais uma vez mente, mentiu diante dos áudios agora publicados, mentiu por ter mudado a versão com relação a entrevista que deu e continua a mentir. Continua a mentir”, disse Renan a Wajngarten.

Wajngarten tentou de todas as maneiras aliviar para o governo, mas confirmou que uma carta enviada em setembro pela Pfizer ao Planalto, que propôs acordo para vacinação rápida dos brasileiros, ficou dois meses inteiros sem qualquer resposta.

Em novembro, ele disse que, informado por um empresário de mídia sobre a carta, voluntariamente tentou resolver o imbróglio.

“Meu intuito foi ajudar, criar atalhos e encurtar o caminho para que a população brasileira tivesse acesso à melhor vacina. Eu não participei de negociação propriamente dita”, explicou.

No fim do dia, o senador Flávio Bolsonaro reapareceu na CPI, chamou Renan Calheiros de “vagabundo” e a sessão foi interrompida.

 

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