De onde nada se espera, daí é que não vem nada mesmo, dizia o barão de Itararé. Submetido ao segundo julgamento de impeachment em pouco mais de dois anos de cargo, o governador Carlos Moisés, de Santa Catarina, conseguiu se safar nesta sexta-feira (7).
Eleito na onda antipolítica de 2018, o bombeiro aposentado que se filiou ao PSL rompeu com o bolsonarismo raiz nas primeiras semanas de seu mandato e cumpriu uma trajetória que lembra a de Wilson Witzel (PSC), o governador impichado do Rio de Janeiro.
Ambos se tornaram persona non grata no Planalto e foram substituídos por vices mais bolsonaristas que o próprio Bolsonaro. As forças de Brasília certamente aguardavam outro desenlace em Florianópolis.
A acusação contra Moisés é um clássico da pandemia, a compra de 200 ventiladores pulmonares de procedência suspeita e que jamais foram entregues. A comissão de julgadores, formada por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais, precisaria formar maioria de 2/3 para destituir Moisés. Mas quatro deputados consideraram que não era possível imputar ao governador responsabilidade pela compra fraudulenta.
Em seu primeiro afastamento, Moisés respondeu por uma pedalada, uma tecnicismo, ao fazer uma equiparação salarial de procuradores do Estado. Ficou 30 dias longe do palácio do Governo, e recuperou o cargo.