Revista Poder

Simone Tebet

Simone Tebet || Crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado

No filme Boleiros, o primeiro deles, de 1998, o diretor Ugo Giorgetti decidiu contar sua visão sobre o futebol a partir de episódios distintos e característicos do fut, envolvendo personagens e situações distintas do jogo. Há o juiz ladrão, a fuga da vigilância da concentração em véspera de derby, a melancolia e a decadência do jogador aposentado.

Outro desses episódios, baseado livremente no saudoso atacante Dener, revelado pela gloriosa Portuguesa de Desportos, descreve uma situação engraçada, quando comentaristas de futebol de um esportivo de TV duelam e se pavoneiam de seus conhecimentos enciclopédicos d’antanho enquanto se lixam para o convidado – justamente o jogador-revelação que naquele domingo havia comido a bola.

Algo parecido aconteceu hoje na CPI da Covid. Durante a oitiva do ex-ministro Nelson Teich, iniciou-se uma discussão entre os senadores em torno da participação de senadoras, presentes à sessão por força da bancada feminina, que tem prerrogativa de participar das reuniões de pauta e, aparentemente, das comissões.

Mas os senadores governistas Ciro Nogueira (PP-PI) e Marcos Rogério (DEM-RO) entraram em campo para discordar que a participação feminina estivesse pacificada por acertos prévios. Mais enfático ainda foi Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do Governo na Casa, que afirmou que o “regimento está sendo rasgado”.

Enquanto isso, Teich, qual o personagem de Giorgetti, era esquecido no meio do sururu.

Depois disso, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tomou a palavra para explicar, com didatismo raro entre os senadores, a diferença de privilégio e prerrogativa, deixando claro que a participação feminina era prerrogativa assentada no regimento.

Na hora de fazer suas perguntas para Teich, foi rápida e incisiva, num contraponto total a seus pares.

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