Era difícil acreditar que era mesmo o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara Federal, que falava aquelas coisas. “Remédios amargos, alguns fatais”, “sinal amarelo”, “erros desnecessários, erros inúteis”.
Naquela quarta-feira, 24 de março, Lira havia participado, junto com Jair Bolsonaro, ministros e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da instalação do tal comitê da Covid-19, com o qual, um ano depois do início da pandemia, o Executivo tentava estabelecer uma interlocução com os entes subnacionais – e jogava a bomba na mão de Pacheco.
Se o discurso extemporâneo de Lira, eleito sem dificuldades na Câmara em 1º de fevereiro com o apoio sorridente e perdulário de Bolsonaro, servia para mostrar que a parceria não era assim exatamente uma Brastemp, parece que ele voltou à vaca fria neste domingo (2).
No programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, Lira voltou ao script esperado. Rechaçou a ideia de colocar para andar alguma da centena e meia de solicitações de impeachment de Bolsonaro e, mais, criticou a instalação da CPI da Covid pelo Senado.
“Eu sempre me postei contra a CPI, antes da eleição e depois dela. Nós não vencemos a pandemia, ainda estamos com ela em curso, não adianta fazer juízo de valor. Os nossos esforços deveriam ser para arrumar leitos, oxigênio, não deixar faltar insumos, correr atrás de vacina e mostrar ao mundo que o Brasil é um país importante e que passa por dificuldades”, disse.
Sobre as palavras duras de março, contemporizou: “Meu discurso não foi um recado ao presidente da República.”