FHC está em ótima forma como apresentador – e roteirista, junto com o jornalista Elio Gaspari – na série Inventores do Brasil, que estreia hoje na TV aberta, na TV Cultura. Produzida pelo Canal Brasil e dirigida por Bruno Barreto, a produção teve sua primeira exibição no Canal Brasil em 2016.
Causa até certo estranhamento ver o ex-presidente aparecer em locações como o Museu Imperial, em Petrópolis, ou o centro do Rio de Janeiro, na área do Cais do Valongo. Mas estranho de verdade é pensar, com a cabeça de 2016, que viveríamos uma longa pandemia anos depois.
A série perfila 19 grandes nomes da história brasileira, de d. Pedro II a Tancredo Neves. Como diz o ex-presidente no primeiro episódio, não se trata de uma “história do Brasil ou uma história das ideias do Brasil”, mas uma coleção de “histórias de Brasil”.
O primeiro dos 13 episódios vai ao ar hoje, às 19h30, e fala de d.Pedro II, o “Pedro Banana”, apelidado assim por seu comportamento introspectivo, afeito à ciência e que talvez, como sublinha FHC, preferisse viver com uma “bolsa de estudos a ser imperador”. Foi ele, segundo os autores, que inventou o “Brasil do seu tempo”, o século 19.
Se a chaga desse Brasil imperial era a escravidão, o contraponto a ela era o pensamento abolicionista de Joaquim Nabuco, também presente no episódio de hoje. Monarquista mesmo durante os anos iniciais da República, o pernambucano fundou com Machado de Assis a Academia Brasileira de Letras, locação escolhida pela produção.
Imagens retiradas das pinturas de Debret, entre outras, são usadas para ilustrar o perfil de Nabuco, cujos contemporâneos, diz FHC, chegavam a comparar a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de escravos nascidos no Brasil, como “lei de Herodes”.
Joaquim Nabuco dizia que “não só a escravidão amarrava o escravo ao senhor, como o senhor ao escravo.”