Ninguém disse que seria fácil, já cantava o Coldplay.
Mais recente ministro a integrar o STF e único até aqui indicado por Jair Bolsonaro, Kassio Nunes Marques pediu vista há duas semanas no processo que julga a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na decisão proferida contra o ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá, no âmbito da Lava Jato.
Hoje ele emitiu seu voto na Segunda Turma do Tribunal, votando contra o pleito dos advogados do ex-presidente.
A principal justificativa de Nunes Marques é que “não se combate crime com outro crime”, e esse “outro crime” seria a obtenção das conversas constrangedoras entre Moro e a turminha do Ministério Público de Curitiba por meio ilícito.
Curiosamente, a ideia do “crime contra crime” embasou o voto de Gilmar Mendes pela suspeição de Moro – o ex-juiz, segundo o ministro do STF, é que incorreu em “barbarismo”.
Após a manifestação de Nunes Marques, Mendes fez uma longa peroração para desmontar a hipótese do colega. “Ou o hacker é um ficcionista ou estamos diante de um grande escândalo. O tribunal de Curitiba é conhecido mundialmente como um tribunal de exceção, enche-nos de vergonha.”
Mas o que parecia uma derrota para Lula (e uma vitória para seu antigo julgador) acabou se tornando justamente o contrário. A ministra Cármen Lúcia, que havia votado no começo do julgamento, antes mesmo da pandemia, mudou de entendimento ao ter contato com as revelações da Vaza Jato.