Queiroga faz début no Esplanada lembrando Pazuello sob quarentena

Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello || Crédito: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Famosa declaração de Pazuello "é simples assim: um manda e o outro obedece" surge nas entrelinhas em silogismo dito por seu sucessor

Pegou meio mal  a primeira aparição oficial do novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, ontem, em Brasília. Sua primeira entrevista como ministro revelou uma necessidade imperiosa de afirmar identificação e alinhamento total com o Planalto.

“A política é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”. Talvez fosse uma tentativa de encadear um silogismo, que poderia também ter a seguinte conclusão: “o ministro da Saúde é do governo Bolsonaro”.

Uma conclusão bastante óbvia, aliás.

Em resumo, para Queiroga, as diretrizes do plano de imunização são organizadas pelo governo e executadas pela Saúde. Ces’t fini.

(Levante a mão quem lembrou de uma declaração de Eduardo Pazuello, então quarentenado, que recebia mesmo assim uma visita de Bolsonaro, visita que serviu para desfazer o primeiro compromisso de compra pelo governo federal da CoronaVac.).

Queiroga chegou a ser comparado com um de seus antecessores, Nelson Teich, escolhido para substituir Luiz Henrique Mandetta. Teich entrou com novo ânimo, dizendo estar alinhadíssimo com o governo, mas não segurou o rojão por um mês na Esplanada.

A expectativa é que Marcelo Queiroga tente mostrar alguma autonomia, seguindo aconselhamento da equipe de comunicação do ministério. Ele vem, inclusive, usando máscara o tempo todo, para evitar fotografias e a exposição pública sem o item de proteção.

O ministro foi convidado para dar pitacos em reunião da secretaria de Comunicação do palácio do Planalto nesta quarta (17), que rabisca a campanha publicitária que dará voz e rosto para a estratégia de imunização nacional.

Antes disso, no Rio, encontrou-se com Pazuello e participou da cerimônia de entrega do primeiro lote das vacinas do consórcio Oxford/AstraZeneca produzidas pela brasileira Fiocruz.

“A política pública colocada no governo não só em relação à Saúde, mas outros ministérios, é a política do presidente eleito pela maioria dos brasileiros. O presidente dá autonomia, mas cobra resultados. Ele nos deu autonomia e faremos ajustes no momento adequado.”