Foi uma imersão profunda no bolsonarismo. Ontem e hoje pela manhã, a cardiologista goiana Ludhmila Hajjar, de 43 anos, da Rede D’Or, esteve em conversas com o presidente Jair Bolsonaro.
Ela foi sondada para o cargo de ministra da Saúde no lugar do morto-vivo Eduardo Pazuello.
Ludhmilla acabou recusando a oferta, se é que oferta houve, uma vez que estabelecer pontes com o negacionismo e com o anticientificismo é uma impossibilidade lógica para quem tem algum compromisso com o oposto disso.
Durante as entrevistas com o presida, Ludhmila, ontem no Alvorada e hoje no Planalto, foi atacada virtualmente (e não só) pela ala “raiz” do bolsonarismo. Hoje, em entrevista à Globo News, ela detalhou a infausta jornada:
“Criaram perfis falsos meus no Twitter e no Instagram, divulgaram meu celular em redes sociais, recebi ameaças de morte, houve tentativa de entrar no hotel, houve ameaças à minha família.”
Mesmo assim, ela diz que isso não seria suficiente para apartá-la da Esplanada.
“O grande ponto foi a ausência de convergência entre nós [eu e Jair Bolsonaro].”
“Sou uma médica que cuida do povo, sonhei em montar um protocolo rápido, em salvar as pessoas, e foi isso que me motivou a estar aqui. Não tinha medo, eu fiquei assustada, me atacaram de todo o jeito, não esperava que isso fosse acontecer.”
A cardiologista tem renome mundial. Sua tese de doutorado, defendida em 2010, ajudou a mudar os protocolos da prática de transfusão de sangue no mundo. No trabalho, ela defendeu que utilizar 30% menos de sangue transplantado em cirurgias cardíacas melhora o prognóstico do paciente.