Revista Poder

Altivez de Mourão é testada em mais um ato de desprezo de Bolsonaro

Hamilton Mourão || Créditos: Bruno Batista/VPR

Sentindo-se deslocado, o vice-presidente da República escreveu uma carta para um destinatário ilustre: a presidente.

Declarava ali todo o seu descontentamento com a gestão da qual fazia parte. Sentia-se sem função. Não participava de reuniões importantes. Uma frase em latim à guisa de epígrafe e voilà, Michel Temer dava início assim a sua campanha para deixar de ser um “vice decorativo”.

Esperar faz parte do trabalho do vice-presidente. Via de regra, o camarada está ali para ser um “stunt”, um substituto. O problema é que tanto Temer quanto o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, não gostam de ficar na regra 3.

Nesta terça-feira (09), Bolsonaro convocou seus ministros para uma reunião. Estavam presentes 22 dos 23, já que Fábio Faria (Comunicações) faz soirée pelo Oriente para conhecer os candidatos a fornecer a tecnologia de 5G para o Brasil.

Mourão ficou de fora. Disse à imprensa pela manhã que não havia sido convidado.

Mais tarde, o general da reserva falou com a PODER Online. Garantiu que mais essa canelada do presida não gerou “mal estar algum”.

“Não houve a necessidade de ir ao evento”, disse. “É normal haver momentos em que o vice não se faz necessário.”

Convincente, persuasivo e sempre bem-disposto, Mourão procura sempre passar uma imagem de altivez, mas seu círculo íntimo está preocupado.

É que o vice-presidente foi se apequenando durante a gestão Bolsonaro, inicialmente fechada em si mesma e agora enamorada pelo Centrão.

Em 2019, Mourão recebia delegações estrangeiras, grandes empresários, lobistas, pessoas interessadas em falar e também ouvir sua opinião. Só que aí, conforme as portas da sede do palácio do Planalto foram se abrindo, as do anexo, onde fica o gabinete do vice, foram se fechando.

Existe, sim, um ressentimento. É não é por causa desta reunião de hoje.

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