Revista Poder

Com PSL pacificado e Bia Kicis na CCJ, impeachment de Bolsonaro vira quimera

Bia Kicis || Crédito: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A Constituição Federal de 1988 prevê em seu artigo 2º o funcionamento harmônico dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e determina seus campos. O mesmo dispositivo, porém, alerta: a independência entre os poderes não é absoluta.

Dito isso, vamos explicar o puxadinho: o presidente Jair Bolsonaro, que comanda o Executivo, não pode usar a caneta Bic para resolver questões envolvendo o Legislativo, nem o Judiciário (onde o buraco é mais em baixo). Mas no Congresso, selou-se nesta semana a “amizade” entre governo e parlamento.

É que Bolsonaro conseguiu eleger os dois candidatos governistas para as presidências da Câmara e do Senado. O deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) venceram em primeiro turno após forte intervenção do governo na distribuição de cargos, emendas e favores.

Não bastasse isso, Bolsonaro também emplacou sua aliada original, deputada Bia Kicis (PSL-DF), na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. O colegiado é notório por ser responsável pela análise da constitucionalidade de todos os projetos apresentados na Casa, incluindo pedidos de impeachment contra o presidente.

Bia, que foi vice-líder do governo e tem trânsito livre entre o primeiro escalão do governo, não vai deixar com que isso aconteça.

Ao conseguir esse upgrade na carreira, Kicis se torna a primeira deputada mulher a presidir a CCJ. Uma curiosidade: o DF é a única unidade da federação onde a proporcionalidade de eleitos tem mais deputadas que deputados: são cinco contra três.

Bia Kicis é bolsonarista raiz. É investigada no inquérito das fake news que corre no STF e celebrou a suspensão do lockdown de dezembro, em Manaus. Como se sabe, em janeiro pacientes de Covid-19 superlotaram os hospitais manauaras, levando à crise do oxigênio.

Alguns pacientes morreram por falta de oxigênio.

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