Um famoso provérbio da Antiguidade diz que à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta.
Para o Governo Federal, não basta dar cargos para os seus, é preciso mostrar que se está a fazer isso — e a maneira de evidenciar essa ação é demitindo aliados dos inimigos.
Fala-se aqui, claro, da disputa para a presidência da Câmara, em que o palácio do Planalto despejou, sem qualquer cerimônia nem recato, todas as suas fichas no candidato Arthur Lira (PP-AL), expoente do Centrão.
A mais recente canelada governamental contra Baleia Rossi (MDB-SP), candidato ungido pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e principal oponente de Lira, traduz-se pela retirada de cargos de aliados de Baleia Rossi (MDB-SP) da estrutura federal.
Apadrinhados pelo deputado Flaviano Melo (MDB-AC), Jorge Mardini Sobrinho, superintendente do Iphan, e Luciana Videl de Moura, da secretaria de Patrimônio da União (SPU), foram exonerados nas últimas semanas.
Luciana é casada com o deputado acreano, que disse a PODER Online que a mulher “é super especializada e tinha bom trânsito em todas as áreas correlatas” ao trabalho.
A justificativa para a demissão, segundo ele, foi “que a ordem veio do palácio (do Planalto)”.
O superintendente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) do Maranhão, João Francisco Jones Fortes Braga, indicado do deputado Hildo Rocha (MDB-MA), também rodou.
Ele foi demitido neste mês, mas reassumiu o cargo a pedido dos deputados maranhenses, entre eles, André Fufuca (PP-MA) e do licenciado Eduardo Braide (PODE-MA), atual prefeito de São Luís, que são eleitores declarados de Arthur Lira (PP-AL).
“Não podemos dizer que houve uma interferência, mas não havia razão para demitir sumariamente o João Fortes. Desmandos assim fazem as pessoas desacreditar na política”, disse Fufuca a PODER.
Sentindo-se retaliado após anunciar seu apoio a Baleia, o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) reclamou da demissão da superintendente do ministério da Agricultura do Rio de Janeiro, Renata Briata da Conceição, indicada por ele junto a outros dois apadrinhados no estado que também dançaram.
“Soubemos que isso é mais uma ação do governo para tentar conquistar votos na marra para Arthur Lira”, confirmou Ribeiro a PODER Online.