Por Bernardo Bittar, de Brasília
Na primeira sessão do Congresso durante a gestão Bolsonaro, em fevereiro de 2018, o presidente orgulhava-se do grande número de aliados que havia carreado nas eleições.
Ao eleger a maior bancada da Câmara e um grande número de apoiadores no Senado, Jair Bolsonaro, contudo, resolveu se fechar em copas e evitar diálogos para não incorrer no que havia chamado de “velha política”.
Mesmo tendo sido deputado federal por sete mandatos consecutivos, o que sobressaía, na verdade, era sua inabilidade para dialogar com o legislativo.
“A base existia, mas era muito mal organizada. O problema é que a oposição se perdeu nesse mesmo caminho”, analisou o deputado fluminense Marcelo Calero (Cidadania-RJ) em conversa com PODER Online.
Dois anos depois, o presidente viu sua base minguar. Ele saiu do partido que o elegeu, o PSL, deixando a bancada rachada entre apoiadores e inimigos. A solução de Bolsonaro foi old school: lotear cargos na Esplanada dos Ministérios para se aproximar do Centrão, seu principal ativo hoje no Congresso – a recíproca talvez seja mais verdadeira.
Sem a mesma força do início do governo nas casas legislativas, Bolsonaro se fortaleceu popularmente. A continuidade do Bolsa-Família e a liberação de crédito no Pronampe e principalmente o auxílio emergencial, urdido no Congresso, ajudaram-no.
Na última pesquisa de satisfação do Datafolha, o governo Bolsonaro manteve seu melhor índice desde 2019: 37% de aprovação como ótimo ou bom – contra 32% de ruim e péssimo.
“Não podemos dizer que foi uma surpresa. O presidente toma decisões a contragosto, como a implementação de vacinas e liberação de verba para os mais pobres, o que, idealmente, não estava no seu plano de governo”, diz Marcos Borges, professor de Ciência Política da UnB.