Por Bernardo Bittar, de Brasília
Há quem veja nisso cálculo político, outros, apenas alinhamento com os novos tempos. Seja como for, os novos prefeitos de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), flertam com a diversidade.
Na segunda (30), um dia após seu triunfo, Covas declarou que irá mexer em seu secretariado a partir de janeiro, e deve ter negros e mais mulheres no primeiro escalão.
Eduardo Paes, por sua vez, quer grandes nomes representando não apenas as pastas ou os temas correspondentes (como um negro cuidando da diversidade racial ou um trans em assuntos de gênero). A ideia é buscar, no mercado fluminense, nomes representativos que vão além dos temas comuns das minorias.
“O Rio é o lugar da diversidade”, disse Paes, após sua vitória. A frase dialogava, evidentemente, com o fato de suceder um prefeito evangélico – e que tentou mobilizar eleitores em sua campanha de reeleição apelando para a religião.
“É absolutamente necessário haver essa pluralidade. E não apenas pela ótica, mas também pelo papel agregador que os mandatários da política têm de exercer em suas regiões”, analisa a professora de Ciência Política da UnB Mariza Sotto-Maior, especialista em diversidade racial.
Para Mariza, esse empenho nas grandes metrópoles pode refletir positivamente nos estados e até no governo federal. “Essa política abolicionista mal resolvida de colocar um índio cuidando só de questões indígenas, um preto falando unicamente com outros pretos…. não dá. Precisamos colocar gente diferente com ideias diferentes em lugares diferentes.”