(Créditos: Divulgação Governo; Jefferson Rudy/Agência Senado; Wilson Dias/Agência Brasil; José Cruz/Agência Brasil)
Me Esqueçam – Figueiredo: A Biografia de uma presidência (Ed. Record): Escrito por Bernardo Braga Pasqualette, foi lançado sem alarde este mês. O último presidente brasileiro da ditadura teve o mérito de restituir a normalidade democrática, devolvendo o poder à sociedade civil. Advogado, o autor fez esforço de historiador e não esconde no livro certa simpatia pelo biografado, ainda que Figueiredo tenha pedido que a história lhe esquecesse – daí o título. Entre elogios à promoção da anistia e críticas à investigação claudicante do atentado do Riocentro, “Me Esqueçam” tem o mérito de iluminar uma época evocada por alguns nostálgicos, mas que foi uma das mais atribuladas da história do Brasil.
Sarney – A Biografia: Literato, o primeiro presidente civil após o ciclo militar costuma ser lembrado pelas derrotas fragorosas que lhe foram impostas pela economia – mais especificamente, pela inflação. Foram inúmeros planos econômicos, diversos ministros da pasta, e nada adiantou: nem a ortodoxia, nem a heterodoxia do Plano Cruzado. Escrito pela biógrafa de Elis Regina, Regina Echeverria, o livro já foi chamado de “biografia consentida”, e parece ter agradado ao ex-presidente, que hoje se dedica mais a seus marimbondos literários do que à política.
FHC – Diários da presidência: Transcrição em quatro volumes de registros orais dos oito anos de presidência do “príncipe”, o sociólogo que se tornou presidente da República por uma conjunção astral inusitada. Exilado na ditadura, FHC se tornou uma das vitrines do PMDB da redemocratização, sigla que trocaria para fundar o PSDB. Senador, FHC estreou em eleição majoritária da pior maneira possível, perdendo a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros — permitir-se posar sentado na cadeira de prefeito antes das eleições não ajudou em nada. Os relatos podem ser um tanto tediosos, mas têm a virtude de colocar o leitor no dia a dia do Planalto. As notas e a edição, explicando personagens e temas, são muito úteis.
Lula and His Politics of Cunning: From Metalworker to President of Brazil – John French: A biografia prometida pelo amigo Fernando Morais ainda não veio a lume, mas não faltam livros a tentar desvendar a figura quase mítica do migrante que deixou Pernambuco num pau-de-arara, foi alfabetizado aos 10 anos, tornou-se líder sindical e depois o presidente da república que atingiu 87% de popularidade ao deixar o cargo. Este de John French, brasilianista da Universidade de Duke e estudioso do movimento operário dos anos 1970, vê em Lula um ator político stricto sensu: alguém que tem como maior virtude o poder de se relacionar com todo mundo – o que pode ser traduzido pela um tanto desgastada palavra “governabilidade”