Por Bernardo Bittar, de Brasília
Os jantares promovidos pelo deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) em Brasília são famosos. Em seu quarto mandato consecutivo, o ex-prefeito de Malacacheta, cidade mineira entre Diamantina e Teófilo Otoni, notabilizou-se como um dos grandes anfitriões do círculo do poder brasileiro.
Os convidados de seus convescotes costumam ser ministros de estado, o próprio presidente Bolsonaro e parlamentares, e o cardápio de comida mineira “raiz” – linguiça, feijão tropeiro, mandioca etc. –, tem ajudado a dirimir os frequentes conflitos entre esses atores.
Fabinho Liderança, como é conhecido, ainda é um mago da agenda. Seus encontros costumam ser marcados antes ou depois de votações importantes, seja para ajudar a costurar acordos, seja para celebrar o trabalho.
O deputado falou com PODER Online.
O senhor sempre promoveu encontros na Câmara dos Deputados, desde o primeiro mandato, em 2007. Qual é sua motivação?
A ideia é sempre buscar diálogo com os demais parlamentares. Mas faço isso desde 1997, quando fui prefeito de Malacacheta (MG). Eu dividia o apartamento com três pessoas e, mesmo assim, organizava almoços e jantares. Era uma festa.
Essas reuniões são eficazes? Que decisão importante saiu após um de seus encontros?
Um dos mais importantes foi, sem dúvida, o Tratado do Vaticano (Tratado de Santa Sé), de 2008. Foi um acordo de cooperação assinado pelo Brasil após anos de negociação. Fizemos três jantares e resolvemos a questão.
E no governo Bolsonaro?
Minha maior colaboração foi colocar as pessoas em contato umas com as outras. Meus jantares são eventos pacíficos, onde todo mundo é convidado. Temos gente de todos os partidos, sempre. Os jovens entraram no Congresso achando que era feio dialogar com os colegas. E isso não existe. O que eu faço é humanizar as pessoas.
Qual o cardápio?
É sempre a mesma coisa: feijão tropeiro, linguiça, porco e mandioca. Às vezes dá para fazer um trabalho legal por Minas Gerais, como estes dias, apresentando um café produzido por um amigo meu para o pessoal de Brasília.
Há dois anos o senhor disputou a presidência da Câmara. E agora? Aliados dizem que é seu último mandato?
Vou disputar novamente a presidência em 2021. Mas, independentemente do resultado, não vou deixar a vida pública. O que não defini é se vou continuar na Câmara dos Deputados [após 2022, quando se encerra esta legislatura].