Antiga “TV Lula”, que tem como grande atração O Vigilante Rodoviário, tornou-se arma de comunicação com jogo do Brasil
Por Paulo Vieira
Na campanha eleitoral e em 2019, seu primeiro ano como presidente, Jair Bolsonaro afirmou que iria extinguir a EBC, Empresa Brasileira de Comunicação. O tempo passou, os planos mudaram e a TV Brasil, emissora estatal da empresa, passou de passivo, chamada jocosamente de “TV Lula”, em homenagem ao presidente que a havia fundado, para ativo de comunicação.
Ao se tornar a única emissora de TV aberta a exibir semana passada a convincente vitória do Brasil contra o Peru, pelas eliminatórias da Copa de 2022, ela se tornou uma ferramenta contra o poderio da TV Globo, considerada a nêmesis do governo Bolsonaro, antiga e tradicional detentora dos direitos de transmissão dos jogos da seleção.
Durante a transmissão não passaram despercebidos os “abraços ao presidente Bolsonaro” enviados pelo locutor do jogo.
Curiosamente, uma das principais atrações da TV Brasil é a série brasileira dos anos 1960 O Vigilante Rodoviário, exibida três vezes por semana.
Os guardas rodoviários, liderados pelo inspetor Carlos e seu fiel cão Lobo, desvendam e impedem crimes, em ações que hoje seriam da alçada das polícias civil e militar.
Nostálgico, o presidente talvez queira voltar a esse estado de coisas, já que ele é contrário aos radares de velocidade nas estradas e a uma suposta “indústria de multas”. Com essa flexibilização fiscalizatória, os guardas rodoviários talvez possam ser úteis em outras funções.
No orçamento da União para 2021, a EBC terá cerca de R$ 400 milhões.